UCPel realiza missa em sufrágio pelos doadores de corpos utilizados no ensino e na pesquisa
26.11.2025
A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) realiza, no dia 27 de novembro, às 18h, uma missa em sufrágio pelos doadores de corpos utilizados nas atividades de ensino, pesquisa e formação acadêmica. O momento, conduzido pelo Capelão da UCPel, padre Darvan da Rosa, será dedicado à reflexão, ao reconhecimento e à gratidão por esse gesto de generosidade que contribui para a formação em saúde.
O encontro acontecerá na Capela do Campus I (Rua Gonçalves Chaves, 373).
Além de ser um momento de oração, a celebração busca reforçar o impacto humano e social da doação de corpos, um ato que possibilita vivências essenciais aos futuros profissionais de saúde e que aproxima ciência, solidariedade e fé.
O Capelão da UCPel destaca o valor simbólico e espiritual da missa.
“A missa em sufrágio pelas almas das pessoas que doaram seus corpos para a formação de futuros médicos e outros profissionais da saúde tem uma grande importância, especialmente como gesto de gratidão pela generosidade dedicada à educação. Queremos oferecer essa celebração, que possui profundo valor espiritual, em benefício da salvação eterna desses irmãos que já partiram. É também uma forma de retribuição, ajudando espiritualmente aqueles que podem estar precisando das nossas orações. Além disso, é uma oportunidade de reunir os familiares, rezarmos juntos e mostrarmos como esse gesto continua a contribuir para a formação de tantos jovens que, no futuro, ajudarão outras pessoas com sua atuação profissional.” pontua.
Importância para a formação em saúde
O professor da disciplina de Anatomia do curso de Medicina, Vinicius de Moraes, relembra que a doação de corpos é indispensável para o aprendizado anatômico e para uma formação humanizada.
“A doação de corpos é fundamental para a continuidade do ensino da anatomia humana. Embora existam avanços tecnológicos no ensino dessa ciência, as peças cadavéricas proporcionam uma vivência muito mais significativa. Elas nos permitem extrapolar o ensino técnico, sempre reforçando o respeito, a ética e o valor da atitude desses seres humanos que se doaram para a formação de novos profissionais.” relata.
Ele ressalta ainda que esse gesto impacta também o vínculo emocional e ético que permeia o ambiente acadêmico.
“Além do desprendimento físico, um profundo sentimento de gratidão e respeito toma conta do laboratório cada vez que recebemos uma nova doação. Muitas vezes, a dor dos familiares é amenizada pela egrégora da gratidão e pelo entendimento de que seu ente continuará, mesmo após a morte, a missão de ajudar o próximo. Do ponto de vista científico, contar com essas doações significa oferecer ambientes de aprendizagem mais realistas e pedagogicamente ricos aos nossos estudantes. Doar é um ato de amor, solidariedade e fé em um futuro mais humano.” frisa.
Segundo o professor, temas como morte, ética e respeito são tratados desde o primeiro contato dos estudantes com o laboratório.
“A curiosidade move o ser humano, e a morte é um dos maiores tabus que enfrentamos. Nossos discentes sempre trazem questionamentos, e buscamos esclarecer tudo de maneira ética, humana e conforme as leis que regem o ato de doação de corpos. Respeito é a palavra de ordem dentro do nosso laboratório. Desde o primeiro acesso, reforçamos os preceitos éticos, morais e humanos que orientam o uso das peças anatômicas. As regras são seguidas com rigor por professores, técnicos e estudantes. Queremos que os discentes cumpram essas normas não apenas porque são exigências, mas porque representam um princípio ético, moral e, por que não, um gesto de amor fraterno àquele que se doou para que possamos continuar ensinando.” ressalta.
A supervisora da Central de Laboratórios da UCPel, Rosimere Corrêa de Souza, explica que a universidade tem instituído o programa de doação de corpos. Segundo ela, é uma autodoação. “A pessoa faz esse manifesto de doação em vida, vem até a instituição, dentro do laboratório de morfologia ou na central dos laboratórios, pega toda a documentação, registra em cartório e no momento que ela entrega a documentação toda registrada, a gente produz para ela uma carteirinha de doação de corpos. Ela recebe essa carteirinha e a testemunha que ela indicou ali nos documentos também recebe. A testemunha é a pessoa responsável em entrar em contato conosco no momento do óbito e comunicar. O programa faz o recebimento deste doador, faz todos os trâmites necessários e o doador passa a fazer parte do acervo do laboratório de morfologia.”
Para Rosimere, este programa tem uma importância crucial para o ensino da área da saúde. “São poucos locais que dispõem do material biológico para o estudo e dentro do laboratório de morfologia a gente alia o conhecimento biológico pelos nossos doadores, o conhecimento sintético pelo uso de maquetes e também o conhecimento tecnológico através do programa RB Data Anatomy, que nós temos presente no laboratório de morfologia”.
Ela fala que a grande diferença dos cursos da área da saúde na UCPel é contar com doadores de corpos. “Os estudantes podem contar com o material biológico para o estudo durante a graduação e com isso ter uma prática mais aprofundada e mais realista em relação à anatomia humana.”
